Menina Curiosa

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Eu sou a Velha Menina. O meu cabelo é uma teia de aranha com gotas de orvalho...

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Terça-feira, 29 de Janeiro de 2008

A carga da ASAE

Imagem da Internet

Hoje vou arriscar o pescoço ao ir contra a maré.

Cansei-me de tanto ouvir "bocas", debates inflamados e não-notícias sobre a actuação da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, vulgo PIDE, desculpem,  ASAE.

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Tal como todos os frequentadores, por lazer ou necessidade, de restaurantes e afins, também já tive direito a um dos bónus da casa mais frequentes do País: a intoxicação alimentar! E nem sempre em tasquinhas simpáticas, as piores foram num dos restaurantes mais conhecidos do deck superior do CC Vasco da Gama, e uma outra bem violenta num dos mais in e conhecidos restaurantes da Avenida da República.

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Imagem da Internet

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Também não gosto de encontrar fruta apodrecida com a face normalizada, reluzente e boa virada para cima...

Nem vegetais com muitas saudades da terra ou do frigorífico, mas claro, quando as folhinhas de alface vêm coladas aos molhos quentes do belo bife, não se percebe até já estar a mastigar uma pasta verdeguenta.

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E dizem que a ASAE exagera?

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Há tempos saí espavorida de uma pastelaria em plena zona do Saldanha: o empregado "assentou" a minha bela e esperada torrada na palma da sua mão rechonchuda e toca de a barrar de manteiga, intervalando com mordidelas numa sandes que mastigava de boca aberta...

Tanto ADN alheio ao pequeno-almoço não, obrigada!

Esse mesmo empregado estava a ler o jornal quando entrei, tinha aberto a caixa registadora e não vi nem uma lavadela de mãos...

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E dizem que a ASAE parece a PIDE?

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Gostava muito que o pão viesse embalado para a mesa.

Manias?

Pela quantidade de condutores que vejo de dedo no nariz no pára-arranca das vias rápidas...

Pela quantidade de damas e cavalheiros que vejo entrar nos restaurantes e sentarem-se sem se dirigirem aos lavabos...

Quando trazem para a mesa um cestinho de pão very-typical com o pão fatiado...eu sei lá se já passou pelas mesas dos condutores, damas e cavalheiros acima descritos!

Mais ADN que não me pertence...

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E falam contra a ASAE?

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Lamento Miguel (o Sousa Tavares), eu sei bem que nunca mais se comeu um queijo da serra de jeito...mas a imagem da velhinha a remexer o coalho com as mãos e limpando o nariz às mangas...aiii!

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Dizem que a fruta não normalizada que a ASAE queima com lixívia ou cal ou um qualquer composto misterioso que transforma tudo em pedras da lua, dizem as boas almas que essa fruta podia ser retirada do circuito de distribuição e entregue às instituições de caridade.

Aqui apetece-me gritar!

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Imagem da Internet

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Não aceito!

Não é correcto, não se faz!

Se não é bom para mim não é bom para os outros!

Tratamos os pobrezinhos, os órfãos, os desgraçadinhos com esta falsa benevolência?

Tomem lá deserdados da sorte, fiquem com as minhas sobras e agradeçam. Vocês são pobres, coitadinhos, falhados na vida, portanto a vossa fome é saciada no meu caixote de lixo, os meus restos são o vosso banquete.

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Imagem da Internet

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Estamos no século XXI. Matar a fome aos desnutridos significa dar-lhes as verduras tristes e a fruta que não nos serve?

Que tal tentar nivelar por cima?

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Podem crer que se encontrar alguém com fome dou-lhe o melhor que tiver. Essa pessoa necessita mais de nutrientes do que eu, deixem-se de hipocrisias que não é um cesto de fruta tocada ou frangos sem idade que servem aos pobrezinhos.

Raio de desculpa andrajosa!

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A ASAE aparece como um bando de salteadores de cara tapada?

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Imagem da Internet

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Se estivesse no lugar deles também eu usava um passa-montanha! Ai não, que eu sou gente, tenho miúdos e isto de chegar a uma feira e dar cabo do negócio de contrafacção que já estava naquela família há três gerações tem os seus riscos!

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Além de que a máscara, ao inibir a identificação da autoridade, também evita a tentação de arriscar passar umas notinhas para a mão daquele agente magrinho de bigode que já vimos actuar várias vezes.

Portanto, e mais uma vez contra a maré, usem a máscara sim senhor.

Neste caso não é cobardia alguma, evita mais problemas do que causa.

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Imagem da Internet

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Finalmente temos uma instituição que tenta combater a bandalheira e todos a atacam!

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Comparar a actuação da ASAE à PIDE é não saber distinguir entre polícia política e autoridade civil.

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Tanto se fala da necessidade de combater a fuga aos impostos...e depois todos achamos que os patifes da ASAE tiraram o sustento às sete criancinhas dos feirantes da Lacoste da Feira do Relógio!

Que eles só atacam os pequeninos.

Pequeninos os feirantes? Nem sempre, seguramente. Eles e elas exibem uns ouros que devem valer o ordenado médio nacional durante 10 anos!

Alguém já teve acesso à contabilidade dos empresários da "boutique alcofa"?

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Espero bem que a ASAE evite situações como uma a que assisti há anos nas imediações de um estádio de futebol: ainda de manhã um dos elementos de uma barraquinha de bifanas e cerveja, deixou cair no chão um enorme cesto de papo-secos, que rolaram saltitantes pelo passeio.

O bom senhor olhou em volta, abaixou-se...e apanhou os papo-secos do chão um a um , soprou-os e voltaram todos contentes para o cesto, à espera de abraçar uma bela bifana logo à noite.

Vem ASAE.

Estás perdoada.

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A ASAE pode ter tido excesso de zelo em algumas actuações, até aceito. Muitas instituições têm um crescimento doloroso até estabilizarem.

Mas fico mais descansada por saber que "eles andam aí".

Á carga!

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música: Willian Tell Overture

publicado por A Velha Menina às 13:52

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