Hoje o dia acordou em lágrimas.
Porque choro tanto o meu actual estado, "recém-solitária" de uma relação que solitária foi desde o início? É ser-se humano...ou estúpido?
O Verão hoje estava forte, o sol, calor, cheiro a férias...tudo foi demais para mim e recolhi à minha toca, perante as insistências dos amigos que teimavam em arrastar-me para a Vida.
Recolhi-me.
Solitária.
Um acidente doméstico fez-me descobrir esquecido no fundo de um armário um velho bau. Emanava um aroma doce e quente.
Estava cheio de cartas de amor (ridículas) de um há muito esquecido amor.
Cartas, na era do webmail!
Cartas escritas com uma "Bic laranja para escrita normal".
Cartas vibrantes, cheias de "Minha Querida", "Meu Amor", "Adoro-te".
Planos de futuro, sonhos a dois...
Uma das cartas terminava assim: "És a melhor companheira que existe e eu sou o homem mais feliz do mundo por ser teu".
Secaste-me as lágrimas, meu amor esquecido no passado.
Mentira.
De ti ficou-me a recordação de me sentir amada. Sentir-me desejada e apreciada como Mulher.
Nunca senti o mesmo nesta recém terminada e desgastante relação.
Então porque choro eu, que nunca senti o amor dele? Apenas o controle.
Estou a tornar-me ridícula...sem ser por amor...
Até que encontrei o baú.
Meu amor do passado, as tuas cartas de amor (ridículas) secaram-me as lágrimas.
Porque alguém, perdido na contagem do tempo, um dia escreveu para mim ridículas cartas de amor.
Mas ridícula seria eu, se não tivesse na vida cartas de amor. Ridículas.